Deixo apenas um comentário principal: em todos os casos abaixo descritos, não é esquecida a fragilidade dos nossos pequeninos para quem nós pais somos o mundo, ponto de partida e chegada, começo e fim. É por isso que depositam em nós todo o seu amor incondicional e confiança. Tentemos não traí-la...
1 – Não rotule seu filho de pestinha, chato, lerdo ou outro adjetivo agressivo, mesmo que de brincadeira. Isso fará com que ele se torne realmente isso.
Quantas vezes passo na rua e vejo um pai ou mãe ralharem com o filho a dizer "és mau". Ou mesmo em conversa com amigas ouvir dizer "a M é respondona e mau feitio". As crianças tomam como modelo os pais, logo se eles dizem que "eu sou mau, então deixa-me cá corresponder à expectativa..."
2 – Não diga apenas sim. Os nãos e porquês fazem parte da relação de amizade que os pais querem construir com os filhos.
Eles querem saber o "porquê" de tudo e às vezes, quando não sabemos ou é complicado responder, dizemos "porque sim". Assim se quebra a relação de confiança depositada no pai/mãe que "não têm paciencia para mim :-("
3 – Não pergunte à criança se ela quer fazer uma atividade obrigatória ou ir a um evento indispensável. Diga apenas que agora é a hora de fazer.
Se o "não" não é uma opção, então porquê estar a perguntar? Para dar a entender que estamos a dar liberdade de opção ou mais participação? Cuidado, senão acabam por ter exatamente o efeito contrário.
4 – Não mande a criança parar de chorar. Se for o caso, pergunte o motivo do choro ou apenas peça que mantenha a calma, ensinando assim a lidar com suas emoções.
Mandamos parar de rir? Não, isso seria uma violência. Então porquê mandar parar chorar? Se está a chorar sem motivo ou por birra (o que normalmente acontece num local público) então afaste-se e espere que passe.
5 – Não diga que a injeção não vai doer, porque você sabe que vai doer. A menos que seja gotinha, diga que será rápido ou apenas uma picadinha, mas não engane.
Ser apanhado na mentira é perder a confiança dos filhos. Mais ainda, estamos a ensinar a mentir para depois dizer que é feio mentir. Cuidado...
6 – Não diga palavrões. Seu filho vai repetir as palavras de baixo calão que ouvir.
E depois não reaja com surpresa!
7 – Não ria do erro da criança. Fazer piada com mau comportamento ou erros na troca de letras pode inibir o desenvolvimento saudável.
Isso é um dos erros que mais vejo fazer e que mais me impressão faz. A criança poderá querer validar o comportamento do pai/mãe repetindo o erro ou então ficar mortificada por ter sido gozada.
8 – Não diga mentiras. Todos os comportamentos dos pais são aprendidos pelos filhos e servem de espelho.
O mesmo que no ponto 6.
9 – Não diga que foi apenas um pesadelo e mande voltar para a cama. As crianças têm dificuldade de separar o mundo real do imaginário. Quando acontecer um sonho ruim, acalme seu filho e leve-o para a cama, fazendo companhia até dormir.
As crianças não são adultos. Se um filho se levanta a pedir ajuda porcausa de um pesadelo, é nossa obrigação ajudar, acarinhar, suportar. Não colocar o nosso sono acima do deles?
10 – Nunca diga que vai embora se não for obedecido. Ameaças e chantagens nunca são saudáveis.
A pior coisa que pode fazer é ter a mesma atitude que um amiguinho teria. "se não fizeres isto não sou teu amigo!". Claro que o seu filho virá logo a correr ter consigo mas com a sensação de abandono , insegurança e tristeza muito difíceis de recuperar.
Estes erros são extremamente comuns. São erros ignorantes e iracionais, muitas vezes fruto do cansaço. Contudo, há que assumir o contrato que assinámos como pais. De criar e amar os nossos filhos incondicionalmente para que se transformem em adultos, fortes, seguros e estáveis.
Sem comentários:
Enviar um comentário